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Pólipo na vesícula: lesões, diagnóstico e formas de tratamento

Responsável pelo armazenamento da bile, uma secreção produzida pelo fígado, a vesícula biliar é conhecida por apresentar um formato de pera. Vale ressaltar que o seu papel é fundamental na digestão de gorduras, bem como no auxílio da absorção de vitaminas lipossolúveis que se processa através do intestino delgado.

Assim como os cálculos na vesícula, os pólipos também representam uma das principais razões de cirurgia para retirar o órgão. Vale destacar que algumas destas formações são potencialmente malignas, necessitando de diagnóstico precoce e com grande precisão.

Tipos de pólipos na vesícula

O pólipo vesicular, mais referido por suas iniciais “PV”, é caracterizado por uma lesão cujo aparecimento ocorre na parede da vesícula biliar. Outra característica dessa formação é a sua expansão para a parte interna do órgão. Dessa maneira, pode ser classifica em dois tipos:

Benignos: Estima-se que a maioria dos casos de pólipos na vesícula sejam de natureza benigna, apresentando diâmetro de até 1 centímetro. O pólipo de colesterol, contudo, é observado em 90% das ocorrências deste tipo de lesão.

Em face do avanço da doença, há também um grupo intermediário que abrange os pólipos “pré-malignos” ou “adenomatosos”, que podem resultar em câncer.

Malignos: O pólipo na vesícula pode também ser originário de condições graves, como os carcinomas. Nesta classificação, pólipos maiores são observados, se comparados com a forma benigna da doença.

Sintomas de pólipos na vesícula

Estima-se que somente 5% dos casos de pólipos da vesícula biliar sejam diagnosticados no país. Embora as lesões atinjam tecidos internos da vesícula, a doença não costuma apresentar sintomas.

Desse modo, o diagnóstico de pólipos é feito, na maioria das vezes, de maneira acidental ao se realizar exames de imagem, como ultrassonografias da região abdominal. Embora os sintomas muitas vezes sejam inexpressivos, outras condições são observadas pelo médico para elucidação de cada caso.

No que diz respeito aos “adenomas” (forma benigna da doença), bem como aos pólipos pré-malignos, algumas complicações poderão ser verificadas. Dentre estas estão as inflamações e a ocorrência de pedras na vesícula, sendo indicados exames complementares para o diagnóstico.

Fatores de risco de pólipo na vesícula

Os pólipos na vesícula, sobretudo os que são de natureza maligna, apresentam maior incidência em mulheres. Além disso, outras causas são indicativas de risco, como:

  • Ocorrência da doença na família: O histórico familiar de pólipos na vesícula é um dos principais sinais de alerta para o surgimento de lesões deste tipo.
  • Preexistência de pedras e outras lesões no órgão: No que diz respeito aos pólipos desta ordem, outras condições que afetem a vesícula biliar podem influenciar em seu surgimento.
  • Obesidade: Assim como ocorre em outras doenças, o pólipo da vesícula é mais facilmente formado em indivíduos acima do peso.
  • Avançar da idade: Com o passar do tempo, pessoas mais idosas tendem a apresentar a condição, se comparadas com as mais jovens.
  • Acúmulo de cálcio no órgão: Este fator, que pode ser resultante de diversas condições de saúde, também é um preditor para a doença.

Os pólipos na vesícula podem ser evitados

Não existem indicações de práticas que possam evitar a condição em boa parte dos casos. No que diz respeito aos pólipos formados por colesterol, entretanto, a alimentação que restrinja gorduras de origem animal costuma ser indicada. Além disso, preconiza-se a prática regular de atividades físicas.

Tratamento

As dimensões das lesões deverão nortear o melhor tratamento para cada caso. Isso significa que os pólipos com tamanhos inferiores a 5 milímetros não costumam ser arriscados para a saúde do paciente. Caso estes sejam superiores a 10 milímetros, a avaliação médica será mais criteriosa, ensejando a realização de exames como a ultrassonografia com Doppler.

Vale destacar que tal exame tem a capacidade de diferenciar se um pólipo é benigno ou neoplásico.Se o pólipo apresentar crescimento ao longo de seu acompanhamento, ultrapassando 1 centímetro, a cirurgia é indicada a fim de se minimizar o risco de câncer no órgão.

O procedimento cirúrgico, por sua vez, contempla a retirada da vesícula. Na atualidade, as cirurgias voltadas a esta finalidade são realizadas por meio de métodos minimamente invasivos. Já para os casos em que os pólipos são pequenos, a recomendação é que o paciente faça acompanhamento médico periódico da condição.

Diagnóstico

O exame clínico do paciente com suspeita diagnóstica para pólipos na vesícula consiste na investigação de fatores de risco preexistentes, bem como na realização de exames, sendo a ultrassonografia o mais indicado. Neste caso, a técnica implica no emprego de Doppler.

É necessário que o paciente seja submetido a este tipo de exame a fim de se concluir se o pólipo apresenta vascularização, indicando se é de natureza maligna ou não. Em geral, observa-se que tais formações são ocasionadas por cálculos de colesterol, mas nem sempre a ultrassonografia se mostra conclusiva.

O médico especialista também avaliará se há aumento da lesão com o passar do tempo.

Consequências da falta de tratamento pólipo na vesícula

Em se tratando dos pólipos benignos, ou seja, de colesterol, é comum que não haja indicação de tratamento além do acompanhamento médico. Os pólipos maiores, contudo, quando não tratados poderão ocasionar inflamações, bem como comprometer as funções da vesícula biliar.

Nas formas malignas, além do comprometimento completo do órgão, poderá ocorrer o surgimento de metástase.

Formas de tratamento pólipo na vesícula

Quando da necessidade de cirurgia para retirada do órgão, há diferentes técnicas que costumam ser empregadas, sendo:

  • Colecistectomia laparoscópica: Operada através do cirurgião, uma câmera é inserida por meio de pequenas incisões no abdômen do paciente. Dessa maneira, o médico consegue visualizar imagens do órgão em tempo real, realizando o procedimento cirúrgico. Neste caso, há baixo risco para complicações decorrentes da cirurgia, proporcionando um pós-operatório mais tranquilo.
  • Colecistectomia aberta: Trata-se do método cirúrgico mais antigo para a retirada da vesícula, indicado somente para casos de maior gravidade. A modalidade, contudo, é pouco empregada na atualidade, já que implica em maiores riscos cirúrgicos, como sangramentos excessivos e infecções.
  • Robótica: Tratando-se da técnica mais avançada para tratamento da doença, consiste no emprego de um robô que é guiado pelo cirurgião. Como resultado, observa-se uma cirurgia mais precisa e com menos complicações.

É importante destacar que, quando o paciente não adere ao tratamento proposto pelo médico, as chances de complicações podem aumentar em até 50% dos casos.

Dr. Jorge Reina

Especialista em cirurgia robótica do aparelho digestivo, coloproctologia e cirurgia oncológica. Membro da American Society of Colon and Rectal Surgeons.

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